Você sabe como funciona e quais são os princípios de uma Escola Democrática?
Neste texto, você saberá mais sobre as ideias e ideais desse movimento pedagógico.
Primeiramente, nossa questão é ampla. Considerando a atual conjuntura política, há divergências sobre a definição do termo Democracia.
Se por um lado existe uma minoria confundindo Ditadura com Democracia.
Por outro lado, existem grandes frentes e esforços para que a maioria entenda conceitos de justiça e inclusão como valores democráticos.
Para isso, as escolas têm papel fundamental na formação dessa consciência.
Inclusive, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), traz essa noção de democracia ao longo de seu texto. Destacamos aqui duas das Competências Gerais para essa confirmação:
Competência 1: “[…] entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.”
Competência 10: “Agir pessoal e coletivamente […] tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.”
Certamente, nesses princípios não cabem a defesa de sistemas autoritários de cerceamento às diversidades humanas.
Princípios das Escolas Democráticas
As Escolas Democráticas fazem parte de um amplo escopo denominado Pedagogia Libertária, na qual a ideia de transformação social se alicerça na inovação da educação escolar.
Basicamente, uma escola democrática é um espaço pedagógico no qual toda a comunidade escolar (equipes administrativas e gestoras, equipes de apoio, equipes pedagógicas e estudantes – em certa medida, famílias também) tem participação ativa nas decisões para o funcionamento da escola.
As experiências são variáveis, desse modo, há escolas que abrirão desde comissões complexas como a administração-financeira, ao cuidado cotidiano da limpeza e manutenções físicas…
E experiências que podem parecer mais simples, mas que também exigem complexidades, em suas aberturas de decisões sobre a escolha de temas para estudos e a administração do tempo para esses estudos, por parte das crianças e jovens.
“Na Teia Multicultural realizamos a prática das assembleias, onde os alunos são representados escolhendo um presidente e um escriba e trazem semanalmente pautas e sugestões para serem discutidas e votadas pelo grupo.”
Lucas de Briquez
Assim, uma Escola Democrática cria a cultura da participação nas tomadas de decisão e participação, desenvolvendo autonomia, autorresponsabilidade e cooperação.
A Democracia Escolar na prática
Dentro desses princípios, quais são as principais práticas da pedagogia democrática?
Um dos pilares essenciais das Escolas Democráticas são as assembleias. Geralmente semanais, elas são espaços de debates e decisões sobre a vida cotidiana escolar – resolução de conflitos, gestão do conhecimento, administração e cuidado com os espaços físicos, ações fora da escola…
São momentos de encontro de toda a comunidade para que ela possa se ver e se reconhecer, colaborando nas resoluções de todos os segmentos possíveis. Geralmente, por meio de fóruns e de comissões com participação de acordo com os interesses individuais
De novo, esses modelos variam.
Há experiências que segmentam as assembleias por ciclo, divulgando seus resultados por outros meios. Mas o que vale é a prática sincera do mecanismo.
O que não vale é fingir que há espaço para decisões democráticas que acabam sem encaminhamentos ou ações concretas. Assim, perpetuam-se farsas maiores, mantidas em ambientes da política nacional e global.
Se não houver espaço na escola inteira, mesmo assim é possível criar experiências pontuais em salas de aula.
Por exemplo, apresentar temas diversos baseados no planejamento e abrir a possibilidade das crianças e estudantes escolherem a ordem para os estudos dos conteúdos, participarem das dinâmicas, proporem atividades diversificadas etc.
Outros exemplos, combinar tarefas, prazos e avaliação; escolher grupos e modos de apresentação de resultados.
Enfim, tornar cada sala de aula, um espaço democrático de decisões, no qual professoras, professores, crianças e estudantes trabalham em regimes de colaboração.
Assim, a quebra da hierarquização do conhecimento abre espaço para o prazer de conhecer; desenvolvendo o respeito mútuo entre as pessoas envolvidas. E a cultura democrática se espalha, resultando em maiores benefícios.
A Escola Democrática pelo Mundo Afora
No mundo, são inúmeras as experiências baseadas nos princípios da Educação Democrática.
Talvez a mais famosa delas seja a centenária Summerhill, certamente, fonte de inspiração para tantas outras. Seu criador, Alexander Neill, registrou muitas vivências e reflexões que continuam atuais na construção de novas escolas.
Outra referência, bastante conhecida no Brasil, é a Escola da Ponte. Em São Paulo, a experiência da escola pública Amorim Lima é um exemplo concreto das influências e transformações da escola portuguesa.
Indo além, para conhecer mais experiências pelo mundo existe a International Democratic Education Network (IDEN), desdobramento da International Democratic Education Conference (IDEC). No portal, é possível encontrar um mapa que apresenta escolas, organizações e pessoas que propagam as práticas da Pedagogia Democrática.
Na América Latina, podemos conhecer experiências retratadas no filme La Educación Prohibida, com ele temos um panorama de complexidade e ações inspiradoras.
Aqui no Brasil existe o coletivo Rede Nacional de Educação Democrática (RNDE); espaço para amplos debates e divulgação de ações.
Bruno Martins, historiador e pedagogo da RNDE, é autor do livro Crônicas de uma Educação Possível. Nele há relatos de vivências e ações que servem como exemplos práticos de possibilidades democráticas no cotidiano escolar.
Com essas referências você notará que os princípios das escolas democráticas variam dependendo de lugar e demandas, mas ficará nítido que o pilar da participação ativa será encontrado em todos os lugares.
Por fim, conta pra gente: você vivenciou ou vivencia alguma experiência pedagógica democrática?