Como podemos desenvolver o empreendedorismo na escola?
Você já se questionou se é possível e desejável desenvolver o empreendedorismo, ou melhor a capacidade empreendedora, em uma escola?
Talvez você já tenha percebido que uma nova tendência educacional existente é o desenvolvimento do empreendedorismo em escolas.
Afinal de contas o empreendedorismo é citado na BNCC e consequentemente as escolas começaram a falar disso..
Nesse post falaremos sobre o empreendedorismo em si e sobre como essa habilidade se relaciona com o atual cenário educacional.
Utilizaremos nosso case como exemplo para que você possa se inspirar e entender como o empreendedorismo pode acontecer na escola em que trabalha ou estuda.
Na Teia Multicultural os alunos do Ensino Médio tem aulas de Empreendedorismo, como um processo paralelo ao projeto central.
Caso você não saiba, na Teia todo o processo escolar é construído a partir de projetos coletivos, onde os alunos devem realizar em conjunto uma obra de arte, seja ela:
Uma peça de Teatro, uma Instalação Interativa, um Curta Metragem, uma Ciranda ou uma Campanha Transmídia.
Como já dissemos, esses projetos são coletivos, ou seja, toda a turma ou todo um segmento colabora para uma mesma obra, ou melhor, para um mesmo produto final.
Porém, além desses projetos coletivos os alunos, em alguns momentos, desenvolvem projetos individuais. Esses momentos se dão nos últimos anos de cada segmento.
Ou seja, todos alunos devem apresentar um TCC individual quando se formam no fundamental 1 (5o ano), quando se formam no Fundamental 2 ( 9o ano) e quando se formam no ensino médio (3o ano).
Conforme eles ficam mais velhos, adquirem mais conhecimento e desenvolvem autonomia, é requisitada uma maior complexidade em suas apresentações de TCC.
O desenvolvimento do Empreendedorismo na Escola
Da monografia ao empreendimento.
Quando o aluno se forma no quinto ano deve apresentar uma monografia.
Portanto, ele deve desenvolver um trabalho de pesquisa a respeito de um tema de seu interesse (a escolha do tema é sempre livre, em todos os segmentos).
Também deve escolher algum educador da escola pra ser o seu orientador, e no final do ano ele apresenta essa pesquisa para a comunidade.
Quando o aluno se forma no nono ano o nível de complexidade aumenta, dessa vez ele deve apresentar a monografia acompanhada de um produto.
Esse produto pode ser físico, digital, ou até mesmo um tipo de serviço e os alunos tem liberdade para escolher, porém, de alguma forma, devem materializar essa pesquisa e apresenta-la então, junto ao produto, para a comunidade.
No ensino médio o trabalho se torna ainda mais complexo, para isso o processo é conduzido desde o primeiro ano nas aulas de empreendedorismo, e obtém também o apoio das aulas de design, projeto de vida e finanças pessoais.
O Empreendedorismo na Educação
O aluno nesse momento deve desenvolver um projeto em formato de negócio e, além de toda a concepção de marca, o aluno deve compreender o mercado de atuação e buscar uma validação desse mercado, para então finalizar a sua jornada na educação básica apresentando seu TCC em um “pitch” de 3 ou 4 minutos.
O vídeo abaixo é um compilado dos “pitchs” apresentados pela turma de formandos de 2.020:
O empreendedorismo na Escola Teia é visto como uma propagação dos valores, conhecimentos, sonhos e talentos dos alunos.
Os alunos são provocados a olharem para o mundo ao seu redor com a intenção de identificarem problemas que podem ser solucionados por eles próprios e são estimulados a testarem e construírem essas soluções de forma profissional e criativa, para que dentro desse processo identifiquem uma proposta de valor e um modelo de negócio.
O Empreendedorismo Social na Escola
Para isso os alunos entram em contato com os problemas da humanidade, a partir da perspectiva da ONU, aprendem a mexer em ferramentas digitais de design e marketing e também são convidados à um mergulho profundo em busca da compreensão sobre suas aspirações.
Os alunos entendem o funcionamento da mecânica do terceiro setor e como o mesmo se relaciona com o primeiro e o segundo setor, mas não necessariamente o aluno precisa seguir esse caminho.
Partimos do princípio que todo negócio que impacta positivamente a vida das pessoas tem um aspecto social.
Independentemente como ele seja organizado juridicamente, ou seja, seja constituído como uma empresa com fins lucrativos ou não.
Claro que quando lidamos com adolescentes a intenção é a de que eles experimentem, se engajem e, quem sabe, consigam alguma receita para se sustentarem nos primeiros anos de vida adulta… Quem sabe com o tempo eles possam construir grandes negócios, mas não é a nossa expectativa aqui, ok?!
Digo isso com muita tranquilidade pois isso não diminui o trabalho que eles realizam, caso você tenha assistido o vídeo sabe que os trabalhos são de altíssima qualidade, ainda que estejam em um nível experimental e exploratório.
Partimos do principio que os projetos devem ser benéficos para a sociedade, até porquê, somente assim conseguirão a aceitação do público.
Outra indagação é a de que os alunos para obterem grande sucesso em seus empreendimentos deverão se dedicar anos aos projetos.
Então, eles deverão ter em mente qual é o grande problema que eles gostariam realmente de solucionar.
Ou seja, qual problema você passaria anos tentando solucionar? A partir da compreensão do problema partimos para a construção dos projetos.
O Intraempreendedorismo e o Empreendedorismo na Educação
Conforme nos últimos anos as personalidades que atingiram o sucesso através do empreendedorismo criaram culturas organizacionais empreendedoras…
Favorecendo a atitude empreendedora dentro de suas próprias empresas, o empreendedorismo tem deixado de ser associado somente ao ato de fundar novas empresas e tem assumido um lugar de mentalidade e atitude.
Surgiu então um novo termo, o intraempreendorismo, que se refere ao empreendedorismo que ocorre dentro de uma empresa, ou seja, dentro dos limites dela.
Isso significa que um intraempreendedor não busca criar a sua própria empresa.
O que ele busca? Ele busca inovar dentro da insituição em que trabalha gerando valor para a mesma.
Seja através da otimização de processos, seja criando um novo produto, seja como for, o intraempreendedorismo é o ato de ter uma atitude empreendedora dentro de uma organização existente.
Para os empresários e fundadores de empresas o perfil intraempreendedor é muito desejável, tendo em vista que ele busca gerar valor para a empresa sem sair dela.
Apesar de termos uma nomenclatura específica o intraempreendedor não deixa de ser um empreendedor.
Muitas pessoas que começam empreendendo dentro de empresas em que atuam como funcionários são convidados a se tornarem sócios depois de alguns anos, como sinal de reconhecimento.
Com o crescimento e o favorecimento da cultura digital e o desejo do mercado por esse perfil de profissional o tema empreendedorismo tem se popularizado cada vez mais.
Através das redes sociais empreendedores tem incentivado seus seguidores a tomarem atitudes empreendedoras e assumirem essa mentalidade para alcançarem sucesso em seus aspectos profissionais.
O Empreendedorismo e a Relação da Escola com o Mercado de Trabalho.
A escola tem a intenção de que seus alunos sejam profissionais requisitados no mercado. Não necessariamente requisitados, mas que sejam profissionais condizentes com as necessidades do mercado, da sociedade e do planeta.
Quando na primeira revolução industrial o profissional desejado foi alguém obediente que não refletisse sobre as más condições de trabalho cujo qual estava exposto as escolas reagiram adotando o sistema prussiano.
Esse sistema é semelhante ao que podemos observar hoje, aquele que condiciona o aluno à obediência e ao não desenvolvimento do senso crítico.
Sim, é muito triste, mas é a verdade.
Porém, hoje o profissional exigido pelo mercado já não é mais o mesmo, o profissional desejado é aquele que identifica problemas e tem a capacidade de resolve-los…
E dentre essa competência estão as capacidades técnicas, sociais e emocionais.
O empreendedor deve observar o mundo com criticidade, ao mesmo tempo que se responsabiliza por essas mazelas, se tornando protagonista no processo de resolução.
Primeiramente, vamos entender o que é empreendedorismo.
Em seguida, compreenderemos o que define uma mentalidade empreendedora e como essa mentalidade pode ser desenvolvida dentro de uma escola.
O que é empreendedorismo?
De acordo com o dicionário Oxford o empreendedorismo é a “disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços, negócios.
Também é descrita como a “iniciativa de implementar novos negócios ou mudanças em empresas já existentes”.
Basicamente essas duas condições retratam o que havíamos falado anteriormente, quando citamos as semelhanças entre os conceitos de intraempreendedorismo e empreendedorismo.
Trata-se então de uma iniciativa, oriunda de uma capacidade de realizar algo, sendo esse algo muito relacionado à negócios, ações e estratégias empresariais, sendo muitas vezes atrelado também aos conceitos de risco e inovação.
Sendo essa iniciativa realizada por um agente (o empreendedor) a esse agente deve-se atribuir uma capacidade, o empreendedorismo.
Sendo o empreendedorismo a ação do empreendedor e também a sua própria capacidade de empreender, afirmo que não podemos desenvolver tal capacidade sem que haja a obra do empreendedor.
O que é Empreendimento?
Podemos chamar a obra do empreendedor de empreendimento.
De acordo também com o dicionário Oxford o empreendimento é o “ato de uma pessoa que assume uma tarefa ou uma responsabilidade.”
Podemos dizer que essa tarefa pode ser uma “empresa, interpresa, projeto ou realização”.
Perceba então que o empreendimento, sendo ele o derivado do empreendedorismo, está muito mais relacionado à concretização do que a idealização, apesar de aparentemente os grandes empreendedores sejam conhecidos por terem grandes ideias o fato deles às realizarem é o que os torna de fato empreendedores.
O empreendedor então é erroneamente conhecido como o indivíduo “cheio de ideias”.
Quando na realidade deveria ser conhecido como o indivíduo de grandes realizações.
E peço que entenda que quando qualifico a realização como “grande” abro margem para uma nova pergunta:
O que faz uma realização ser grandiosa.
A realização grandiosa é aquela que torna a vida de alguém verdadeiramente melhor, e se possível, que consiga tornar a vida de muitas pessoas melhor.
Esse, para mim, é o verdadeiro empreendedor.
O Empreendedorismo como Competência e a Escola como local onde desenvolvemos habilidades.
Voltando algumas linhas, ao ponto que estávamos falando que o empreendedorismo é a capacidade do empreendedor, podemos compreender então o empreendedorismo como uma capacidade, e e sendo então uma capacidade pode ser desenvolvido.
Sendo uma capacidade complexa, ou seja, que envolve diversas habilidades, podemos denominá-lo como uma competência.
Agora pense com você mesmo, sendo a escola o lugar onde desenvolvemos habilidades necessárias e desejáveis para a vida, devemos desenvolver o empreendedorismo na escola?
A resposta para mim e para muitas pessoas que tem pensado e atuado na educação básica é sim!
Atualmente temos diversas necessidades de mudanças em nossa sociedade.
Sendo o empreendedor o ator qualificado para assumir responsabilidades e levar adiante projetos, podemos contar com ele para tornar um mundo um lugar melhor!
O empreendedorismo é um caminho de grande poder, por isso devemos trabalhar com todos os nossos esforços para que ele seja construído de forma humanista e consciente.
A força empreendedora deve ser direcionada para a construção de um mundo melhor, sendo ela sempre pautada na ética!
Qual é o local onde levamos valores para as gerações futuras? A escola!
Não podemos deixar de capacitar nossas crianças para que elas sejam empreendedoras conscientes, o empreendedorismo quando atrelado à uma educação de qualidade pode ser a chave para a transformação!
Como desenvolver o Empreendedorismo na Escola?
Pensando nos diferentes níveis do “golden circle”, já falamos o que é o empreendedorismo em uma escola, também já falamos o porquê devemos desenvolver o empreendedorismo nas escolas.
Mas ainda não falamos como que podemos fazer isso.
Por sorte quem te escreve esse texto é justamente a pessoa que dá aulas de empreendedorismo na Escola Teia Multicultural, então separei algumas dicas.
Essas dicas estão em um formato “passo a passo” para você que quer trabalhar o tema empreendedorismo com seus alunos:
- Comece pelo Problema – Mostre diferentes problemas para seus alunos e veja com os quais se identificam, estabeleça uma partilha harmoniosa.
- Pense em soluções – Para cada problema idealize a solução ideal, por mais que pareça impossível de ser realizada.
- Entenda o conceito de MVP – Compreenda esse conceito e escolha alguma (entre as levantadas anteriormente com os alunos) solução para a qual possa se criar um MVP ou protótipo dela.
- Crie um MVP simples e teste a ideia em ação.
- De um nome para esse projeto, uma identidade e defina a sua causa.
- Teste o seu MVP de forma científica e monte uma apresentação com os resultados e possíveis ideias de melhorias.
- Continue testando e melhorando os seus resultados.
Essas dicas podem parecer simples mas a realização prática não é!
Como escolher o Professor que lecionará Empreendedorismo
Caso você seja um gestor, tenho uma dica especial para você:
- Ao escolher quem será o facilitador desse processo com os alunos prefira o profissional pragmático, realizador, aos sonhadores confusos.
Por mais que os sonhadores pareçam mais criativos a dificuldade aqui não está em ter ideias e sim em realizar projetos.
Até porquê a função aqui do professor não é executar os seus próprios planos e ideias, e sim, é conduzir e fortalecer os alunos, para que eles consigam realizar as suas ideias.
Ainda sugiro que realize projetos individuais ou em grupos pequenos.
Mesmo que um grupo grande pareça ter mais recursos os grupos pequenos são mais ágeis e eficazes.
Caso você esteja querendo implementar o empreendedorismo em sua escola e esteja precisando de ajuda pode me escrever: lucas@teiamulticultural.com.br.
Espero que tenha gostado do texto e também espero que pretenda levar o empreendedorismo adiante.
Até mais
Olá! Suas orientações são excelentes e vai me ajudar muito. Estou começando aulas com alunos do NEM projeto de intervenção com ênfase em empreendedorismo.
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